SOBRE A ASSOCIAÇÃO
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Marilu Martinelli
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Dinheiro e Espiritualidade
Muitos dizem que dinheiro não traz felicidade, é verdade, mas sem dúvida supre necessidades básicas fundamentais, é um meio que gera possibilidades, além de garantir a sobrevivência. Temos que suprir as necessidades materiais e espirituais da nossa condição humana e nos capacitarmos para tal. Todos nós queremos a felicidade, mas nos esquecemos que ela é uma virtude, e que transcende as condições financeiras e mudanças aparentemente aleatórias da vida. Quando aprendemos a viver em harmonia com o Eu profundo, descobrimos que os ciclos da vida nos expõem às situações pelas quais precisamos passar para desenvolver plenamente nosso potencial humano. E assim nos libertamos do medo, dúvida, culpa e autopiedade, e do jogo oscilante entre prêmios e punições, e assumimos a responsabilidade sobre nossa própria conduta. Percebemos que a responsabilidade é uma dádiva e não um fardo e descobrimos que tudo o que nos acontece traz consigo as soluções. A partir daí aprendemos com nossas falhas e renascemos de nós mesmos dentro da dinâmica das transformações, e compreendemos que a existência recomeça a cada momento e nós com ela. Muitos sofrem por ter dinheiro de menos ou demais, a tal ponto que perdem a noção de preço e valor, lucro e logro. Na verdade o dinheiro tem valor convencionado e é importante como resultado material da energia aplicada no trabalho dos homens e das mulheres. Para muitas pessoas existe o conflito entre o dinheiro e a espiritualidade. Esse conflito é fortalecido pelo mito mal interpretado de que riqueza é um empecilho para a elevação espiritual. A riqueza não é o entrave para a felicidade e ascensão espiritual, o que dificulta ser feliz e evoluir espiritualmente é o apego, a avareza, a arrogância e a ganância. Alguns pensam que a elevação espiritual está atrelada a carência e privações, mas de nada adianta negar a importância do dinheiro e pensar o tempo todo em ganhar dinheiro invejando quem é rico. É preciso dar a essa energia o poder que ela tem, sem minimizar nem exacerbar sua importância. A generosidade é o valor que nos liberta desse impasse porque fortalece nossa humanidade e descontamina nossa visão sobre perdas e ganhos e amplia a compreensão das coisas do mundo e do espírito. É o valor que possibilita a criação de riquezas pessoais com propósitos grandiosos, sem prepotência, culpa nem cobranças. A generosidade resulta da fé na vida e no divino, por isso desencadeia a energia mobilizadora que resulta na realização vitoriosa de qualquer empreendimento. Ser próspero não é o bastante, é preciso gerar prosperidade. Na Bíblia a parábola do jovem rico que não consegue abdicar dos seus bens e dos seus hábitos ensina que felicidade e progresso implicam na liberdade para abrir mão, renunciar ao comodismo e ousar acreditar na vida, no novo, desconhecido e surpreendente. O jovem rico diz a Jesus que quer ser feliz e o Mestre pede que ele abandone tudo o que tem e conhece e se disponha a segui-Lo. Amedrontado, o jovem recusa o chamado de Jesus. Essa parábola explicita que o vilão não é a riqueza, mas o medo de mudar e ousar que nutre o apego, a dependência e o comodismo. Do apego surgem a inércia e a desconfiança que juntos fundamentam a ação cumulativa que busca no acúmulo um escudo protetor. Esses são fatores que tornam o coração estéril e entorpecem a criatividade renovadora, e nos impedem de saber que suprir o necessário é o suficiente. O apego faz a carência pairar como ameaça constante, e a ganância nos torna insaciáveis, gerando falsas necessidades à medida que nos alija do contentamento. Por ironia da dinâmica da vida o apego define o destino do apegado e este, buscando segurança e tranqüilidade, só encontra inquietação e sobressaltos. Nascemos naturalmente generosos e altruístas, mas pouco a pouco nos tornamos avaros e egoístas a medida que aprendemos com o comportamento de familiares e do meio social e cultural a nos relacionarmos com a vida. A família e a escola nos incutem os valores que sustentam a organização social, política e econômica e o padrão de relacionamentos. É chegada a hora da educação interromper o ciclo vicioso de enganos e permitir que a excelência humana aflore. A educação é o fio condutor dessas transformações e uma educação para o novo milênio precisa ter como eixo os valores humanos para contemplar as dimensões materiais e espirituais do ser humano. Devemos compatibilizar valores materiais e espirituais para nos livrarmos da couraça do individualismo medroso e da falta de amor. Somente assim teremos autonomia e competência para fazer a diferença e estaremos livres de ilusões que impedem que vivamos plenamente a vida. A riqueza e a prosperidade material se fundamentam na espiritualidade e a generosidade é o esteio da abundância, da parceria e da reverência pela vida. Ser generoso não é ser perdulário é saber compartilhar com alegria e desprendimento e ter confiança no semelhante, na vida e em Deus. Quanto mais generosos formos, mais livres, criativos, amorosos, felizes e prósperos seremos.
Marilu Martinelli: Jornalista. Educadora. Professora de Mitologia Universal e Filosofia Oriental. Escritora. Conferencista Internacional. Consultora Educacional e Empresarial para Formação de Lideranças em Valores Humanos. Professora da UNIBEM e UNIPAZ. Consultora para Desenvolvimento Humano e Comunicação e Expressão.
Email: gayatriml@hotmail.com
Site:www.marilumartinelli.com.br

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